sexta-feira, 15 de maio de 2009

O Vinyl vai voltar? A lenda continua...


Do Update or die, dando sequência à reportagem da folha online:

Anteontem a Folha Ilustrada publicou reportagem a partir de um teste cego feito com Edgard Scandurra, o produtor Tejo Damasceno e o jornalista Marcus Preto, aonde eles ouviam os mesmos trechos de músicas em LP e em CD e tentavam identificar qual era o qual. A reportagem foi assumidamente feita para divulgar o relançamento em LP de albuns do catálogo da Sony, ao pequenito preço de R$ 90,00 cada (mas escuta, vocês tem certeza de que isso vai dar certo?!). A opinião do trio foi unânime: o som do vinil é superior ao do CD. É novas. Scandurra: “Parece que eu estava ouvindo a música e colocaram (com o CD) uma caixa de papelão na minha cabeça”.

Acontece que o que está em jogo não é apenas a qualidade do som, mas também a ocasião e conveniência de cada suporte: LP se ouve em casa, de preferência com outras pessoas, em um lento ritual de apreciação das faixas, capas e encartes; já o CD é transportável e MP3 mais ainda, e se associam a uma apreciação mais individualizada da música. Foi a conveniência da digitalização musical que transformou o vinil em artefato cult e quase miss media (”miss”, de “missed”).

Mas o vinil está, já há alguns anos, passando por um revival e voltando a ser consumido, inclusive por gente que nunca comprou um CD (o pessoal com menos de 20 anos e que já começou conhecendo música como arquivos de MP3). Se não fosse pelos DJs, pelo hip hop e pelos bailes da night, o vinil seria hoje uma peça de museu. Paradoxalmente, a cultura do sampler e da música eletrônica também se alimenta dos discos fora de catálogo, na busca por loops e batidas dançantes e na criação de mashups. O terreno digital tem com o analógico uma relação mutualística, como a que o jacaré tem com o passarinho que lhe palita os dentes.

E a propósito do assunto, o jornalista Max Henstell da WNYF Television acabou de subir para a rede o mini documentário “Vinyl Revival” (dica do português Miguel Caetano, do Remixtures). Nele é tratado o fenômeno da resistência das lojas que vendem discos, fenômeno alimentado por 2 fatores: a iniciativa de novas bandas em lançar seus albuns também no formato vinil e o fator agregador que essas lojas criam para quem gosta de música, funcionando como clubes aonde os aficcionados se encontram e trocam informações. Parece uma resposta ao isolamento fisico que costuma acompanhar a internet e a cultura do MP3. Baixe a agulha:


Pra terminar esse apanhado vinílico, a gravadora independente Deckdisc acabou de comprar a Poly Som, última fábrica brasileira que prensava discos e que havia fechado as portas ano passado. Em 2007 o documentarista Felipe Nepomuceno montou o curta metragem “A Última Fábrica de Vinil”, abaixo, com imagens estilo “escola pública abandonada”. Se a Deckdisc vai investir para melhorar a estrutura da Poly Som, isso eu não sei, mas tenho certeza de que muitos músicos e DJs se beneficiarão dessa retomada.



Trilha: Skid Row - Slave to the grind (um vinyl entre alguns que ainda possuo)

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