quarta-feira, 13 de maio de 2009
Documentário narra histórias de Joe Strummer, ex-Clash
Por: THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo
No início dos anos 90, Michael Hutchence (1960-1997), então vocalista do INXS, e Joe Strummer (1952-2002), então ex-vocalista do Clash, estavam em um clube londrino quando um grupo de garotas se aproximou.
Foram todas para cima de Hutchence. Após um tempo, o galã desvencilhou-se das fãs, mas se sentiu mal por Strummer ter sido ignorado. Este voltou-se para Hutchence: "Não se preocupe comigo. Sou apenas o porta-voz de uma geração".
08.jun.2002/Andy Butterton/AP
Joe Strummer, ex-vocalista da banda punk The Clash, é tema de documentário de Julien Temple
Quem conta a história é o cineasta Julien Temple, que foi amigo íntimo do vocalista do Clash e dirigiu "Joe Strummer: O Futuro Está para Ser Escrito", documentário agudo que está na mostra Tribos Urbanas, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de São Paulo.
Por meio de entrevistas com pessoas ligadas a Strummer e com gente como Johnny Depp, Martin Scorsese e Bono, Temple procura decodificar o guitarrista, letrista e vocalista de uma das bandas mais atuantes e engajadas do rock --quando engajamento era algo mais do que cantar "Minha Alma" no programa do Luciano Huck.
A partir de referências sociais e políticas em músicas como "Tommy Gun" e "Spanish Bombs", Strummer foi chamado de "porta-voz de uma geração". Segundo Temple, 55, ele lidava com a expressão de uma maneira ambígua:
"Joe encarava isso com humor. Ele usou sua posição como pessoa pública de uma forma responsável. Realmente acreditava que podemos mudar o mundo positivamente. Por outro lado, ele acabou com o Clash porque não queria ser um rock star, muito menos porta-voz de alguém".
Pistols ou Clash?
Temple e Strummer se conheceram em 1976, logo após a formação do Clash. Fascinado por rock and roll, o cineasta passou a filmar bandas da cena punk londrina, principalmente o Clash e os Sex Pistols.
Até que Strummer disse a Temple: ou eles ou nós. E Temple escolheu eles. "Eu já havia colhido um material extenso dos Pistols, não poderia jogar aquilo fora. Então tive que me afastar do Clash."
Diretor e roqueiro ficaram afastados até os anos 90. "Joe se casou com uma amiga de escola de minha mulher. Certo dia, essa amiga vai almoçar em casa e eu dei de cara com Joe."
Nos últimos anos, Strummer aproximou-se de Temple. Viraram bons amigos. "Ele se tornou pai, estava mais calmo. Mas não é fácil fazer um filme sobre um amigo."
Julien Temple tem na bagagem alguns filmes de ficção (como "Bullet", de 1996), mas são os filmes sobre pop e rock que dominam seu currículo, como "The Great Rock and Roll Swindle", sobre o Sex Pistols, e "Glastonbury", sobre o festival homônimo inglês.
"Não faço filmes estritamente sobre música. O objetivo é enxergar alguns aspectos que existem dentro da música. Não são documentários de rock; estão mais para longas de história social", conta. "Cresci ouvindo Kinks e Stones, e eles me fizeram ver o mundo de forma diferente daquela que eu via na escola. Foi algo libertador."
Trilha: The Clash - Tommy gun
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui o seu comentário.